11º Aniversário do MAC
Homenagem a Álvaro Lobato Faria
E soubeste escolher quem te iria desnudar a alma através do «flash» e da lente. Escolheste alguém que tem muito de comum contigo no modo de estar na vida.
Rosa Reis é uma artista em toda a acepção da palavra, pela alegria que transmite aos outros, pela sua generosidade, pela forma idealista como encara a sua arte e pela originalidade e perspicácia como capta os melhores ângulos de um rosto, de um gesto, de um movimento ou de vários aspectos do quotidiano, transformando os factos em artefactos.
Quanto a ti, Álvaro, que abandonaste, um dia, a docência da matemática e a banca para te dedicares inteiramente a dirigir um espaço de arte, o que exige de ti uma responsabilidade enorme sobre os teus ombros, a vários níveis, quando, entretanto, tantas galerias se vão fechando, é porque amas profundamente o que fazes.
Sabemos que não estás sozinho. Para além do estímulo que te dão os filhos e os amigos, tens outro sócio que é igualmente director deste empreendimento, o Zeferino Silva, que é um artista e, por isso, compreende bem tudo o que envolve esta actividade. Também ele tem «aquele morabeza», como diriam os nossos amigos cabo-verdianos, isto é, a amorabilidade e afabilidade com que recebe as pessoas, sejam elas quais forem e o espírito e as qualidades necessárias de quem mexe na arte como quem toca em algo de mágico ou transcendente.
Se a arte é, em última instância, um negócio, não é, porém, um negócio qualquer.
É uma actividade que tem de ter em conta o talento, a sensibilidade, o sofrimento, enfim, a vida do artista e, na maior parte dos casos, a sua inabilidade para comercializar a sua obra.
Por isso, o verdadeiro galerista é aquele que assume esse aspecto, protegendo o artista, expondo-o, promovendo-o, mas o que é essencial é que se torne seu amigo, quase um irmão que vela pelos seus interesses e que admire a sua arte.
E tu, Álvaro, tens, na verdade, essa qualidade de te dares por inteiro às pessoas com quem trabalhas e que convivem contigo.
Aliás, o papel do galerista ou do director de um espaço artístico, como tu preferes chamar, é fundamental.
Giacometti, Arpad e Vieira da Silva, por várias vezes, afirmaram que dois galeristas tiveram uma importância crucial na difusão das suas obras.
Foram eles,: Primeiro, uma mulher, Jeanne Bucher que expôs duas esculturas de Giacometti, pela primeira vez, e que foram de imediato adquiridas.
Também foi pela sua mão que Paris conheceu as obras de Arpad e de Helena Vieira da Silva. Era uma galerista muito atenta aos novos valores e que, em boa hora, os divulgou.
Posteriormente, Pierre Loeb, que acompanhava de perto os novos movimentos, também apresentaria na sua galeria obras destes artistas.
Vieira da Silva diria deles o seguinte:
«Em Jeanne Bucher vi a fada, em Pierre Loeb, o mágico, ambos detentores de grandes poderes. Sem uma Fada boa, um Mágico e um forte Anjo da Guarda, não há nada a fazer; é preciso, pelo menos, uma trindade para fazer com que gostem do artista.»
Nem todos os artistas têm a sorte de ter uma trindade, nem todos os artistas tiveram as oportunidades duma Vieira da Silva, de um Arpad, de uma Paula Rego ou de um Giacometti, independentemente do seu grande talento.
Mas é importante que os artistas reconheçam o papel precioso que um galerista pode assumir.
Por isso, este livro, em que apareces nas várias actividades empreendidas pelo MAC (exposições, entregas de prémios) e, lá fora, Conferências, Congressos, os nossos congressos, realizados em parceria com a SLP, no Brasil e em Cabo Verde, mas igualmente na intimidade com os teus amigos, os teus filhos, a tua mãe, os teus netos, este livro, dizia eu, ficará impresso no coração de todos nós.
A tua imagem ficará como uma figura que se respeita dentro do panorama português das artes e como o amigo que se quer bem pelo grande esforço que fazes em manter viva esta chama, mesmo em períodos graves de crise económica como o que estamos agora a passar, oferecendo-nos em estado de graça e em festa este convívio e este espaço de cultura e de arte.
Profª.Drª. Elsa Rodrigues dos Santos
Presidente da Sociedade da Língua Portuguesa
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2 comentários:
Álvaro, são estas palavras que eu vejo escritas àcerca de ti e com que me solidarizo com toda a minha alma, que me emocionam e me fazem chorar de uma estranha alegria misturada com o sentido de justiça.
Por isso,meu querido Álvaro,vê que és para todas as pessoas que te rodeiam um ser superior.
Toda a Amizade e Carinho.
Maria João
Álvaro,
Toda e qualquer palavra que eu te disser estará aquém da pessoa maravilhosa que és. Teu blog está permeado do carinho que teus amigos têm por ti. Diante disso, só me resta unir minha voz a de todos e dizer-te, uma vez mais, que sou tua fã número um!
Shirley Carreira
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