Não!Não abro mão da minha maré.As escarpas negras envoltas nas espumas
que o mar arremessa
escorrem mar adentro
como a pele que dispo para te envolver.
E tu sabes
Que eu sei
Que nunca aconteces.
E que te quero.
Maria João Franco
Este é o poema/ tema em que Maria João Franco se baseou para desenvolver o projecto da exposição com que o MAC-Movimento Arte Contemporânea comemora os 45 anos de carreira daquela pintora.
de costas para a janela /tecn mista s/tela / 100x150 cm /2008
"não! não abro mão da minha maré"
inaugura no dia 3 de Novembro de 2009
A mostra estará patente até 27 de Novembro.
MAC' Av. Álvares Cabral 58/60 Lisboa
www.movimentoartecontemporanea.com
texto de apresentação
Ao longo de mais de quarenta anos de carreira, Maria João Franco, tem vindo a ser uma intransigente pesquisadora de verdades e de liberdades interiores, não cessando de se transformar – mantem-se essencialmente fiel a si própria.Maria João Franco perfaz o contorno, realiza o movimento, concretiza a ideia num imaginário pictórico único que lhe atribui um lugar marcante nas artes plásticas portuguesas.
bestiário/tecn mista s/tela /100x150cm /2008
A sua arte tem uma estreita relação com o corpo, com o corpo das coisas, com a ideia primeira de matéria mater, que refaz incessantemente numa busca interminável, como se procurasse o princípio e o fim de um todo que sente ser o nosso, mas, na sua pesquisa, anseia sempre por um fim ou princípio outro. Aqui assenta toda a diversidade da sua obra em que o fio condutor submerge e emerge, consentindo e confirmando toda a sua versatilidade como artista plástica, como criativa e como autora.No envolvimento, ora cálido e terno nas pinturas, ora dramático como bem escreve Rocha de Sousa:”nesta nudez lírica da carne brutalizada por destinos inomináveis é um grito sem fim pelos apocalipses que vivemos todos os dias, navegando à vista, lutando inutilmente contra a morte anunciada” que figura a nossa condição, e que confere harmonia, beleza e estranheza à trivialidade do quotidiano, sabe a autora fazer agir a vontade e o modo de subtrair riqueza plástica a um seu muito pessoal e rico universo imagético. O grafismo, aqui afirmado como elemento estilístico, afirma a autonomia da cor, que polariza e atrai a fluidez antropomórfica das formas, é na sua obra de uma importância fundamental.Fala-nos pela incidência da cor que transporta e assume o papel de interlocutor entre a obra e o espectador.Estamos agora perante uma artista sem hesitações, de um saber constante e ritmado, onde cada tomada de consciência nos abre o caminho para o seu mundo multidisciplinar, onde cada gesto tem o sabor de uma certeza. A arte de Maria João Franco, extraordinariamente sensível na fluidez da linguagem das formas, na vigorosa materialidade da cor, na força e no encanto da sua evasão e do seu êxtase, é uma fascinante e esplêndida aventura espiritual e técnica.As suas obras, são pois materialização de anseios e de sonhos, notas de realce, na Pintura Portuguesa Contemporânea.A devoção e o grande profissionalismo, a continuidade e o grande empenho que Maria João Franco nos transmite nas suas obras, revelam-nos estar perante uma grande pintora e uma excelente artista, reconhecida não só em Portugal como internacionalmente.Também, o profissionalismo, agrado e companheirismo com que tem desempenhado junto do MAC, a realização de qualquer projecto que lhe seja proposto correspondendo sempre de forma eficaz e sem rodeios a toda a colaboração, de forma entusiástica e inequívoca a todos os nossos sonhos e anseios, faz de Maria João Franco um ser sempre desejado por nós , que dignifica esta casa e esta equipa, e de quem muito nos orgulhamos.Nesta exposição que agora nos apresenta, mostra-nos a sua constante evolução, a sua infatigável busca, a intranquila qualidade da sua poética, que faz de cada momento uma reencarnação imprevisível, uma nova conquista, um constante enriquecimento.O vigor e qualidade do conjunto destas obras fará, com toda a certeza, que Maria João Franco ocupe um significativo lugar cimeiro no conjunto dos pintores primeiros deste país pela excelência e raridade do conjunto da obra que vem construindo e a que já nos habituou, confirmando o seu grande talento e sobretudo a sua surpreendente e rara qualidade plástica e criativa.
Álvaro Lobato de Faria
Director Coordenador do MAC-Movimento Arte Contemporânea
Zeferino Silva
Director do MAC-Movimento Arte Contemporânea
Rua do Sol ao Rato,9C,1250-260 Lisboa
tel.21 385 07 89 / tm 96 267 05 32
Av. Álvares Cabral,58/60, 1250-018 Lisboa
tel. 21 386 72 15 / tm 96 267 05 32
alvarolobatofaria@movimentoartecontemporanea.com
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